Ayla Wiana Reis Queiroz – Universidade Federal da Bahia

Imagens

História clínica


Paciente masculino, 27 anos, procedente do interior da Bahia e natural do Maranhão, apresentando dor em hipocôndrio direito com 6 meses de duração. Em tomografia computadorizada, foram evidenciadas múltiplas imagens císticas em fígado, à esquerda, nos segmentos II e III; sendo o paciente submetido a procedimento cirúrgico.

Diagnóstico


Equinococose Policística Neotropical.

Handout


O exame macroscópico mostrou segmento hepático com superfície externa irregular por nodulações; aos cortes, foram observadas múltiplas formações císticas de paredes espessadas que mediam, em conjunto 13,0x8,0x6,0cm e apresentavam ora conteúdo seroso, ora conteúdo mucinoso. Na microscopia, foram vistas múltiplas cavidades algumas com revestimento formado por células gigantes multinucleadas contendo em seu interior ectocisto laminado e hialino de aspecto cerebroide que foi reforçado pelas colorações PAS e Grocott, além de escólices identificados como Echinococcus sp. O conjunto de aspectos anatomopatológicos (dimensões e formas dos acúleos presentes nos ganchos rostelares), radiológicos e clínicos indicou tratar-se de Equinococose Policística, causada pela espécie Echinococcus vogeli. Após o resultado do anatomopatológico, o paciente foi tratado com albendazol na dose de 12mg/kg/dia e segue em acompanhamento com a equipe de clínica cirúrgica. A equinococose é uma zoonose causada por parasitas do gênero Echinococcus, da família Taeniidae. A espécie Echinococcus vogeli é a mais patogênica, sendo o agente causador da Equinococose Policística, doença típica dos trópicos e exclusiva do continente americano, tendo no homem hospedeiro intermediário acidental. A Equinococose Policística neotropical, na maioria dos casos, segue um curso crônico e tem predileção pelo fígado. A queixa mais comum é a dor abdominal superior, especialmente em hipocôndrio direito, associada ou não à massa abdominal palpável ao exame físico. A longa evolução da doença sem manifestações clínicas nos períodos iniciais, a escassez de métodos diagnósticos, bem como a falta de conhecimento sobre o assunto por parte dos profissionais de saúde são fatores que mantém a Equinococose policística subnotificada, tornando difícil a quantificação real da casuística nacional. O diagnóstico de Equinococose deve ser sempre considerado no diagnóstico diferencial de lesões císticas hepáticas.

Bibliografia


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